terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Você sabe qual a doença infecciosa que mais mata no mundo?
Dados divulgados em 2010, alertam que 9,4 milhões de pessoas, em todo mundo, tinham a doença em 2008. Só no Brasil, 73 mil casos foram notificados no mesmo ano. É uma doença causada por uma bactéria (germe) que se espalha pelo ar, em geral quando alguém que sofre dessa doença tosse ou espirra.
Se você não sabia, ainda é a tuberculose, a doença infecciosa que mais mata no mundo. Qualquer pessoa pode ser infectada pelos bacilos da tuberculose, porém as que são HIV positivas correm risco maior de contrair a doença. Embora a tuberculose possa ocorrer em qualquer lugar do corpo, apenas a tuberculose pulmonar e da garganta são contagiosas e as mais fatais.
Apesar dos medicamentos serem adquiridos de forma gratuita no Brasil, os cerca de seis meses de cuidados, além dos efeitos colaterais causados pela medicação, faz com que muitas pessoas interrompam o tratamento. Mas uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Santa Catarina desde 2007 estuda uma nova maneira de tratar a tuberculose e pode reduzir o quadro de desistência durante esse processo.
Os estudos se concentram em uma das enzimas que a Mycobaterium tuberculosislibera dentro da célula humana, chamada de PtpA. Sem a liberação dessa enzima, a bactéria que causa a doença não consegue se desenvolver no corpo humano e acaba morrendo. Enquanto a maioria das pesquisas estuda novos antibióticos para matar a bactéria, um grupo da UFSC preocupou-se em encontrar e estudar compostos químicos que atuam como inibidores da enzima PtpA.
“Os antibióticos usados atualmente no combate à doença são tóxicos e o tratamento com eles muito longo. Vimos nos inibidores um potencial tratamento para a tuberculose”, explica o professor do Departamento de Bioquímica da UFSC e coordenador do Centro de Biologia Molecular Estrutural (Cebime), Hernán Terenzi. O trabalho é desenvolvido em colaboração com os professores Rosendo Yunes e Ricardo Nunes (Departamento de Química da UFSC), Javier Vernal (Cebime), pós-doutorandos, alunos de doutorado, mestrado e iniciação científica. Já foram testados mais de 200 potenciais inibidores.
Realizados a partir da técnica de ensaio in vitro, os experimentos indicam que cinco inibidores reagiram muito bem quando em contato com a enzima liberada porMycobacterium tuberculosis. Em 2008, os resultados sobre os mais apropriados foram divulgados na revista científica Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters. Mas o melhor ainda estava por vir.
Em 2009, a equipe composta por profissionais das áreas de Bioquímica e Química da UFSC entrou em contato com o pesquisador Yossef Av-Gay, do Canadá. Conhecido internacionalmente por suas pesquisas sobre o bacilo que causa a tuberculose, Av-Gay havia descoberto onde e como a enzima PtpA atua nos macrófagos, um tipo de célula que defende o corpo humano de organismos estranhos.
O contato entre os pesquisadores foi promissor. Pela primeira vez foram estudados inibidores para a PtpA e o professor canadense se interessou pela parceria. Yossef Av-Gay cultivava em laboratório os macrófagos e testou a reação deles com os inibidores indicados pelos brasileiros. A cooperação foi uma alternativa às condições de testes no Brasil.
A segunda etapa de experimentos rendeu outro artigo, publicado em abril de 2010 na revista Bioorganic & Medicinal Chemistry Os estudos focaram a produção de um modelo para a estrutura da enzima em contato com os inibidores, a fim de entender como o inibidor reage quimicamente com essa proteína liberada pela bactéria. O artigo também aborda o tempo de reação desses compostos químicos. O inibidor mais eficiente no combate ao bacilo matou, em três dias, quase a totalidade das bactérias nos macrófagos humanos.
Agora, o grupo está analisando detalhadamente a ligação entre inibidor e enzima para estudar mais a fundo suas interações. No artigo a equipe destaca os resultados positivos, que podem beneficiar, no futuro, o mundo inteiro: “Esses inibidores são facilmente obtidos, a baixo custo, têm estrutura simples e podem representar um potencial terapêutico no combate a tuberculose”, comemora o professor Terenzi.
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